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Pandemia Covid 19 e Produção de Dólares

Parte IV: Este artigo é constituído por V partes.

Dólares Imprimidos Até Aqui

covid 19 mais dólaresRecapitulando até a crise do Subprime no ano de 2008 o FED (banco central americano), tinha imprimido um pouco menos de 1 Trilião de dólares. A partir de agosto de 2008 entra o Dinheiro Fácil e o FED, para combater a crise do Subprime, em 2008, imprime mais de 3 Trilhões de dólares, isto em cerca de 10 anos.

Covid 19

Vamos observar agora o que aconteceu economicamente, na economia mundial na Pandemia Covid 19.

Observemos agora a evolução da emissão monetária num período significativamente mais curto. Entre agosto de 2019 e janeiro de 2020, num intervalo de apenas cinco meses marcado pelo início da pandemia de COVID-19, o FED imprimiu mais de 3 biliões de dólares. Para enfatizar a magnitude deste aumento, este montante iguala o total emitido ao longo de mais de dez anos, incluindo o período da crise do Subprime. Esta aceleração na emissão monetária é notável e suscita preocupações significativas.

Adicionalmente, a análise dos dados revela que, entre setembro de 2020 e março de 2022, num período de um ano e meio, o FED procedeu à emissão de mais 2 biliões de dólares.

Gráfico de Impressão do dólare

https://fred.stlouisfed.org/series/WALCL

Consequências da Impressão Massiva de Dólares

A magnitude dos números é de facto alarmante e levanta questões sobre a sustentabilidade do sistema. A pandemia de COVID-19 gerou efeitos económicos paradoxais e de grande disparidade.

É notável que, durante este período, “Wall Street” registou a sua melhor semana em 45 anos. Paralelamente, a taxa de desemprego atingiu um patamar preocupante de 14,7%, representando a perda de 20,5 milhões de postos de trabalho.

 Observou-se também um crescimento significativo da riqueza de indivíduos de alta capitalização. Mark Zuckerberg incrementou a sua fortuna em mais de 37 mil milhões de dólares durante a pandemia, Elon Musk viu a sua riqueza aumentar em 10 mil milhões de dólares numa única semana, e Jeff Bezos obteve um ganho de 50 mil milhões de dólares num ano.

Ao final da pandemia de COVID-19, os bilionários americanos detinham um acréscimo de cerca de dois terços na sua riqueza, correspondendo a um aumento de aproximadamente 1,3 biliões de dólares nos seus patrimónios. Este aumento ocorreu num contexto global marcado por milhares de mortes, milhões de desempregados e biliões de pessoas a enfrentar dificuldades económicas.

Gráfico btc

https://coinmarketcap.com/currencies/bitcoin/

Dinheiro Fácil Vs Bitcoin

É uma observação interessante e pertinente a correlação entre a evolução do par BTC/USD entre 2019 e o final de 2022 e a implementação de políticas de flexibilização quantitativa. Ao sobrepor um gráfico da emissão monetária com o preço do Bitcoin, verifica-se uma correspondência notável entre os dois.

A queda observada a meio do período analisado coincide significativamente com a decisão da China de banir as criptomoedas e a mineração de Bitcoin no seu território. Este evento gerou um período de volatilidade e pânico no mercado, mas a tendência de recuperação subsequente sugere uma resiliência subjacente.

De forma notável, os períodos de Quantitative Easing (QE), caracterizados pela injeção de liquidez no sistema financeiro, parecem preceder ou acompanhar expressivas valorizações do Bitcoin. Esta dinâmica sugere uma relação direta entre a impressão de moeda pelo FED e as significativas ascensões no preço do BTC.

Inversamente, com o surgimento da inflação e o consequente aumento das taxas de juros ao longo de 2022, observa-se uma queda acentuada no valor do Bitcoin. Esta inversão de tendência reforça a existência de uma ligação entre as políticas monetárias do FED e a performance do Bitcoin no mercado.

Ativos de Risco Especulativos

Em síntese, a política de “dinheiro fácil” impulsiona a valorização de ativos especulativos, fomentando o investimento especulativo e o recurso à alavancagem financeira. Por outro lado, a restrição da liquidez (“dinheiro difícil”) desencadeia o movimento inverso: a saída de capital de ativos especulativos, a redução da alavancagem e a migração de recursos para ativos considerados mais seguros, conservadores e como reserva de valor, como o ouro.

Curiosamente, no cenário atual, início de 2025, muitos investidores em criptomoedas, frequentemente críticos da economia tradicional e das práticas de enriquecimento associadas à emissão monetária, demonstram, paradoxalmente, uma forte expectativa pelo reinício da política de flexibilização quantitativa nos Estados Unidos. Arrisca-se mesmo a afirmar que existe uma ansiedade, quiçá desespero, entre estes investidores para que o FED volte a injetar dólares na economia e, consequentemente, nos ativos especulativos.

O objetivo subjacente é a retomada da valorização exponencial do Bitcoin e, por extensão, das demais criptomoedas. Este desejo pela “alta infinita” reflete a busca individual pelo ganho financeiro, enriquecendo através de operações de compra e venda no momento oportuno. A ganância humana, aparentemente insaciável, impulsiona esta procura por riqueza, muitas vezes desvinculada da produtividade real. A aspiração à riqueza e a uma vida sem a necessidade de produção parece ser um objetivo comum na sociedade.

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